Por: Klever Kolberg ligado: janeiro 15, 2010 Em: Rally Dakar Comentários: 0

Estes 21 anos de experiências me apóiam no planejamento para que o resultado da Valtra Dakar Eco Team seja o melhor possível, apesar de todo o pioneirismo e inovação que envolvem trazer o primeiro carro a competir utilizando etanol como combustível.

Mas, como comento, a única certeza do planejamento é que as coisas não aconteceram conforme você imaginou.

Na sétima etapa do rali de 2006 , partimos de Zouerat rumo a Atar, um percurso na Mauritânia, 521 km de pura areia, com muita dificuldade na navegação, já que o regulamento atual permite apenas a utilização da bússola do GPS.

No dia anterior, havia sido detectado um problema no motor de arranque do meu Mitsubishi Pajero. Nada grave, fácil de resolver, já que contava com uma boa estrutura de apoio.

O caminho foi realmente difícil, as dunas viraram uma teia de aranha, com rastros para todos os lados. Na metade da etapa começamos a atravessar uma região de areia muito fofa e vimos concorrentes que estavam a frente atolados, em todos as direções. Resolvi tentar uma rota alternativa e me afastei um pouco do trajeto mais marcado, mas logo dei de cara com uma montanha de areia que parecia intransponível. Tentando voltar acabei atolado e o motor apagou.

Eu e o Eduardo Bampi, meu navegador, começamos o trabalho para desencalhar o carro, mas quando fui dar a partida, o motor de arranque não funcionou. O reparo não ficou bom. A única alternativa foi voltar a pé pelo mesmo caminho, para tentar chegar a trilha principal e pedir ajuda ao nosso caminhão de apoio. Infelizmente ele não nos viu e seguiu em frente.

Nosso rali parecia estar indo por água abaixo. Como mover um carro no meio das dunas? Não sei se Deus é brasileiro, mas do nada surgiram alguns habitantes de algum vilarejo próximo, 4 pessoas. Através da mímica consegui organizar uma força de socorro. Infelizmente não conseguimos movê-lo nem um centímetro, mas aquele pequeno solavanco acabou destravando o motor de arranque, e numa nova tentativa o motor de partida fez o carro funcionar. Incrível, graças a aquela inesperada força local, estávamos de novo na prova. Minhas luvas e um boné ficaram como agradecimento.

À noite os mecânicos me explicaram que o reparo não havia sido realizado porque as peças estavam erradas.

O piloto de rali Klever Kolberg, que participou 21 vezes do Dakar, dez de moto, 11 de carro e uma como chefe de equipe. Ele escreve a partir de hoje artigos exclusivos sobre os bastidores da maior e mais difícil competição off road do mundo. A 31ª edição da prova começa no dia 1 de janeiro de 2010 em Buenos Aires e chega na mesma cidade no dia 17.

Comandado por Klever Kolberg (piloto) e Giovanni Godoi (navegador) no Rally Dakar 2010, o Valtra Dakar Eco Team é patrocinado por Valtra, BASF, Mitsubishi, Cosan, Unica, Pirelli, Fremax e Magneti Marelli, e apoiado por Artfix, Sparco e Waiver.

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