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Por: Klever Kolberg ligado: outubro 07, 2020 Em: Jobs, Palestras Comentários: 0

Vontade de superar desafios. Confira esta história que o piloto de rally, engenheiro Klever Kolberg conta em suas palestras motivacionais.

Você já se perguntou: o que eu estou fazendo aqui?

Em janeiro de 1990, durante a nossa terceira participação no Rally Paris-Dakar, atravessando o deserto na divisa entre Líbia e Níger, o André Azevedo e eu estávamos pilotando lado a lado, uma tática para compensar a pequena estrutura de apoio. Naquele dia já havíamos rodado mais de 400 km do percurso. Chegamos ao caminhão de abastecimento. “Graças à Deus”.

No deserto sem GPS

Era uma sensação de alívio, já que encontrar um caminhão no meio daquela imensidão de nada, com o vital combustível, após horas no desconhecido, era a confirmação, de que pelo menos até ali, nós estávamos no caminho correto.

O regulamento estabelecia que o reabastecimento era apenas para as motocicletas, que precisavam ter no mínimo 450 km de autonomia.

Pit Stop no deserto

Durante este pit stop no deserto eu aproveitava para engolir alguma coisa que carregava no bolso, porque nem em miragem aparece um ‘oásis de conveniência’. Também aproveitava para fazer uma revisão visual na moto, checar a corrente, pneus, ver se não tinha nada solto ou vazando e dava uma olhada nas próximas indicações do roadbook, uma espécie de livro de bordo que a organização da prova fornece com as informações da caminho a seguir, já me preparando para o que vinha pela frente. Ainda faltavam outros 400 km para chegar ao final da etapa.

Neblina de areia

O vento estava forte e a visibilidade ficava baixa. Era como uma neblina, mas ao invés da umidade, muita areia e pó no ar. Já estava no meio da tarde, isso despertava uma vontade de voltar a acelerar logo, porque quando a noite chegasse, o que já era difícil, ficaria ainda mais complicado, afinal, pilotar e navegar uma moto no meio da noite do deserto nunca esteve na lista dos meus maiores desejos.

Pensamentos

Que conflito de pensamentos vinham à mente naquele momento. Veja, estava no lugar certo, mas na verdade em um lugar onde ninguém, nem mesmo eu, espontaneamente desejaria estar. Satisfeito por ali chegar, mas querendo partir o mais rápido possível. Sim, eu estava ali por uma decisão própria, entretanto, naquele momento eu até questionava: estaria eu realmente consciente na hora que fiz a minha escolha.

Conversa telepatica

Olhei para o André, e quase telepaticamente nos comunicamos, e sem combinar absolutamente nada, um sorriu para o outro, naquela reação melhor sorrir do que chorar, e nos perguntamos: o que nós estamos fazendo aqui?

E eu respondi, matando a nossa bendita fome de desafios.

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