04set
Por: Klever Kolberg ligado: setembro 04, 2023 Em: Jobs, Palestras Comentários: 0

Capítulo 8 da história do Rally Paris-Dakar: 1985, o percurso mais longo.

14.000 mil km no deserto

Klever Kolberg – “Você já pensou na possibilidade de percorrer 14.000 mil km no deserto em 22 dias?”

Foi esta a resposta que Thierry Sabine preparou para a 7ª edição do Rally Paris-Dakar.  Ele mesmo fez questão de anunciar como a mais difícil desde a criação da prova.

Cada vez maior e mais difícil

O número de inscritos continuou crescendo: 135 motos, 362 carros e 55 caminhões. No total 552 concorrentes, 125 a mais que no ano anterior. Se cada veículo largar com um minuto de diferença, são mais de nove horas entre o primeiro e o último.

Frio, gelo e neve

Após a travessia do Mediterrâneo, quando a caravana desembarcou na Argélia, o frio era intenso. Nevou no deserto. Durante a noite no acampamento de Ouargla, a temperatura chegou aos 17 graus, negativos!

Navegação no deserto

No sul da Argélia, muitos concorrentes se perdem na etapa entre Tamanrasset e Iferouane.

O Mitsubishi de Patrick Zaniroli no longo percurso do Rally Paris-Dakar 1985

O Mitsubishi de Patrick Zaniroli no longo percurso do Rally Paris-Dakar 1985

Os líderes

Na saída do deserto do Ténéré, Auriol (que mudou para a Cagiva) e o time BMW enfrentaram problemas. A Yamaha liderava com o italiano Franco Picco, mas a os veículos de assistência ficaram pelo caminho.

Os sobreviventes

Nos carros Jacky Ickx abandonou ao bater com seu Porsche numa pedra a quase 200 km/h. O francês Patrick Zaniroli era o líder com um Mitsubishi Pajero. Sobravam 54 motos e 182 carros e caminhões, mesmo de metade dos que partiram de Versailles.

Tempestades de areia

No dia 17 de janeiro, uma novidade no percurso: os concorrentes tiveram de atravessar o deserto da Mauritânia, entre Nema e Tichit. A equipe de reconhecimento da organização levou três dias e meio para percorrer os 500 km desta temível etapa, uma região conhecida pelas constantes tempestades de areia.

O reinado do vento

O vento marcou presença, ele soprou com intensidade durante toda a noite, o acampamento foi destroçado. Poucos conseguiram descansar. Pela manhã a visibilidade não chegava aos 100 metros no horizonte amarelado.

Medidas de emergência

Sabine tinha prometido uma etapa dantesca. Foi pior. Após a largada, do seu helicóptero, Sabine viu seus concorrentes espalharem-se em todas as direções, era um desastre anunciado. Então “Deus” (como Sabine era conhecido entre os participantes) decidiu paralisar a corrida.

O pastor do percurso

Havia concorrentes espalhados por todos os lados, a areia continuava a voar com o vento cada vez mais forte. Como um pastor, Sabine conseguiu reunir parte de seu rebanho e seguiu em comboio para Tichit.

A BMW do belga Gaston Rahier no percurso do Rally Paris-Dakar 1985

A BMW do belga Gaston Rahier no percurso do Rally Paris-Dakar 1985

Mar de obstáculos x deserto de recursos

Muitos veículos não paravam de atolar. O comboio seguiu rastejando, num ritmo lento pelo deserto. No meio da noite foi improvisado um acampamento na região de Enji. Todos estavam completamente esgotados. Não havia água nem comida.

Depois da tempestade

A tempestade aliviou durante a noite, mas o rally tinha data marcada para chegar a Dakar, não podia atrasar, portanto os “sobreviventes” tiveram de percorrer 1.000 km para chegar a Kiffa, às seis da manhã do dia seguinte. Lá reabasteceram e imediatamente partiram para o destino seguinte.

Percurso com muitos competidores perdidos

Mais de 25 concorrentes estavam sumidos. A dupla de um carro foi encontrada após quatro dias. Quando o helicóptero médico chega para o resgate, choram como crianças. Já haviam bebido a água do limpador de para-brisa.

Campeões

Os últimos dias foram marcados pelo duelo entre Auriol, Picco e o belga Gaston Rahier, que vence a prova pela segunda vez, o quarto sucesso de uma motocicleta BMW. Nos carros a vitória é do Mitsubishi de Zaniroli. O alemão Karl-Friedrich Capito nos caminhões com Mercedes.

Resiliência

Apenas 25 motos (19%) e 101 carros (20%) e 20 caminhões (37%) conseguem cruzar a linha de chegada. A travessia da Mauritânia chegou para engrandecer a lenda do “Dakar”.

Fonte: Reportagem Revista Moto Show – Jornalista Gabriel Hochet

Foto divulgação: DPPI

Trackback URL: https://www.palestramotivacional.com/o-percurso-mais-longo/trackback/

Deixe um Comentário:

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *